Réplica da cápsula Soyus fabricada pela Ecopet, simula volta do espaço
Trepidação, imagem de lançamento em tela, som de foguete e contagem regressiva. Quem entra na réplica da cápsula Soyuz, que trouxe Marcos Pontes de volta à Terra na Missão Centenário, vive também a simulação de ser lançado em viagem ao espaço. Inédito no País, o mockup da Soyuz TMA 7 foi inaugurado, neste domingo (6), no aeródromo municipal de Bauru pelo ministro da Ciência e Tecnologia e astronauta bauruense, Marcos Pontes, na presença da prefeita Suéllen Rosim, entre outras autoridades.
Antes da cerimônia, ele percorreu ruas e avenidas de Bauru em uma motociata (leia mais abaixo).
A cápsula, que ficará permanentemente no local para visitação gratuita da população, ganhou um espaço ao lado do monumento do astronauta e contará com monitoramento 24 horas, de uma empresa de segurança, que doou o serviço para a Fundação Astronauta Marcos Pontes (Astropontes).
A fundação, no entanto, ainda estuda de que forma a visitação ocorrerá, se será ao longo de toda a semana, dias específicos ou apenas aos finais de semana. Por enquanto, quem deseja visitar o mockup por lá deve realizar agendamento prévio que, neste domingo (6), ocorre em uma tenda no próprio aeródromo. A visitação é até às 17h.
Informações sobre as visitações nos próximos dias devem ser obtidas por meio da página da fundação no Instagram "_astropontes" ou por meio do WhatsApp (14) 99760-1403.
Há a possibilidade ainda de a cápsula ser transportada para outras localidades, em eventos, o que também deve ser consultado diretamente com a fundação.
A CÁPSULA
O módulo tem assentos com capacidade de comportar até três pessoas por vez e conta com painel, óculos 3D, conteúdos em áudio e vídeo com animações e vibrações, ar-condicionado, luz, fumaça, entre outras surpresas.
Ao entrarem na nave, os tripulantes são submetidos a uma simulação de lançamento ao espaço. E, na sequência, um vídeo é exibido com a história do astronauta e da Missão Centenário, que completou 15 anos em 2021.
Com investimentos na ordem de R$ 60 mil, o mockup pesa cerca de 900 toneladas e é construído com fibra de vidro. O módulo original era composto por titânio e a espaçonave Soyuz, que o abrigava, pesava mais de 7 toneladas.
"Este é o módulo central, mas existiam outros na espaçonave. O de habitação, que conecta e desconecta com a estação espacial, aí tem um que passa para a parte superior da cápsula e o de propulsão, que não possui acesso", detalha Pontes.
"Esta é uma das melhores espaçonaves que existe. Ela tem sido desenvolvida desde a década de 60. A carcaça da cápsula russa parece antiga, mas o interior tá no topo da tecnologia", acrescenta o astronauta.
Ele conta que passou pouco mais de 3 horas dentro do mockup da TMA 7 até entrar em órbita e regressar para a Terra, o que ocorreu em 8 de abril de 2006, às 22h09, no Cazaquistão, onde foi recebido por equipes em 17 helicópteros.
"Duas explosões separam a parte de propulsão e a de carga, que derretem durante a reentrada na Terra. A cápsula vira com a parte da proteção térmica, então descemos de costas. Aí, a parte externa aquece a até 2,5 mil graus e vira plasma o ar em volta. É como estar dentro de uma bola de fogo, literalmente. Lembro que olhava pela janela pedaços da cápsula derretendo", narra o astronauta.
A cor do módulo inaugurado no aeródromo, inclusive, reproduz a forma como a cápsula, que era branca, voltou à Terra, após enfrentar calor extremo da entrada na atmosfera.
"Há uma série de procedimentos que acontecem a medida que vamos caindo em queda livre, como a abertura dos paraquedas, a 5 quilômetros de altitude. E a cápsula bate no chão a aproximadamente 50 quilômetros por hora", detalha Pontes.
Já o lançamento ao espaço, diferencia ele, ocorreu em um mockup TMA 8, que lembra o modelo replicado.
CERIMÔNIA
A cerimônia de inauguração, que ocorreu por volta das 12h30, reuniu algumas dezenas de pessoas no aeródromo municipal, que abriga o Aeroclube.
"É uma réplica perfeita justamente para incentivar os jovens e as novas gerações a estudarem e acreditarem que é possível chegar lá. A gente não cria grandes coisas sendo pessimista, mas sim compartilhando e trabalhando juntos através da Educação", ressalta o ministro.
Diretor da Astropontes, Edson Mitsuya diz que a cápsula é inédita e conta que houve um esforço grande para que o mockup ficasse em Bauru. "É algo inédito, que não existe em outro lugar do País e do mundo. Agora, temos um pouco do espaço conosco, o que é um privilégio para a cidade", comenta Mitsuya. A fundação ficará responsável pela manutenção do dispositivo.
A prefeita Suéllen esteve na inauguração acompanhada por seu irmão, Samuel Rosim, de 13 anos, que sonha em ser piloto e desejava visitar a cápsula.
"É um grande privilégio para Bauru ser presenteada. Vivemos tempos difíceis, de esperanças e expectativas. Que seu legado, ministro, seja passado para as próximas gerações. Sua missão foi no espaço e, agora, é de levar Ciência, Educação e Tecnologia para todo o Brasil. O trabalho é árduo e difícil, mas não desista", diz a prefeita.
Os primeiros moradores a experimentarem a cápsula foram Ricardo Lopes, 45 anos, Joice Carvalho, 38 anos e o filho deles, Lucas, de 7 anos.
"Dá um orgulho de termos um ministro e astronauta bauruense e ver que ele não esquece da sua cidade", destaca Joice. "A cápsula é emocionante, treme bastante, parece real. Confesso que deu até um frio na barriga", acrescenta Ricardo.
PARCEIROS
A parte estrutural do módulo, por exemplo, foi construído pelo empresário Sumió Canuto Kassahara, da empresa Ecopet Ambiental Agudos. O painel interativo foi desenvolvido pelo Centro Universitário Facens, de Sorocaba, e o Serviço Nacional Aprendizagem Industrial João Martins Coube (Senai) de Bauru ficou responsável pela composição tecnológica. A Prefeitura de Bauru e a Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural (Emdurb) também apoiam a iniciativa.
