O que são as águas subterrâneas e quais os cuidados com esse recurso? – Ecopet Ambiental

O que são as águas subterrâneas e quais os cuidados com esse recurso?

Sabemos que grande parte do planeta Terra é composto por água. Entretanto, o percentual de água doce e que oferece condições para consumo é bastante restrito – apenas 2% de todo o recurso disponível. Nesse contexto, as chamadas águas subterrâneas fazem parte dessa pequena parcela e são extremamente importantes para o planeta.

De modo geral, há mais água doce escondida abaixo da superfície da Terra do que em qualquer outra fonte, com exceção das geleiras. Por isso, esse recurso exerce um papel fundamental para o meio ambiente e para a sociedade. Além de manter os rios vivos, mesmo quando as secas reduzem o volume de água, as águas subterrâneas abastecem a maioria dos municípios brasileiros e contribuem para atividades econômicas como as indústrias e o agronegócio.

Quer saber mais sobre as águas subterrâneas e quais são os cuidados necessários com esse recurso? Acompanhe o nosso artigo e fique por dentro do assunto!

Conheça o conceito de águas subterrâneas

As águas subterrâneas são aquelas encontradas sob a superfície da terra, que preenchem completamente os poros das rochas e dos sedimentos, criando os chamados aquíferos. Neles, são encontrados cerca de 97% das águas doces e líquidas do planeta, o que faz com que sejam a maior reserva de água potável do planeta.

A função das águas subterrâneas vai muito além do abastecimento para as populações e para a produção de bens e serviços. Sem elas, algumas florestas, bem como alguns ambientes aquáticos, não sobreviveriam ou deixariam de cumprir as suas funções atuais naquele ecossistema, causando mudanças climáticas drásticas.

Saiba como as águas subterrâneas são usadas

As águas subterrâneas são recursos ocultos que sustentam grande parte da vida moderna. Mundialmente, aproximadamente 40% dos alimentos cultivados são irrigados com água extraída desse sistema.

Diversos setores econômicos usam as águas subterrâneas para atender as necessidades locais, sendo distribuídas em abastecimento público urbano, usos na agropecuária, na indústria etc. No entanto, é incorreto afirmar que a água subterrânea é um recurso infinito e com qualidade superior ao disponibilizado pela rede pública.

A captação dessas águas subterrâneas ocorre por meio de poços e, assim como a água captada nos rios, devem passar por análises de qualidade e por tratamento adequado. Com frequência, mesmo sem estarem expostas, essas água estão contaminadas por vírus, bactérias e impurezas que podem transmitir inúmeras doenças, como cólera e gastroenterite.

Por isso, no caso de locais sem acesso à rede pública de abastecimento de água, como em propriedades localizadas em áreas rurais, em que o uso de poços é comum, é preciso se tomar alguns cuidados. Além da realização do exame bacteriológico inicial para atestar a qualidade da água, é importante fazer investigações mais amplas e também refazer os exames periodicamente. Isso porque as águas subterrâneas podem sofrer interferências externas e terem sua qualidade alterada, como pelo uso de agrotóxicos ou de fossas em terrenos próximos, que representam grandes riscos para a saúde.

De acordo com uma pesquisa publicada na revista científica Nature, entre 15 e 21% das bacias hidrográficas que têm suas águas subterrâneas removidas já atingiram um patamar ecológico crítico. E a tendência é ficar cada vez pior, pois à medida em que as populações crescem e a demanda por alimentos aumenta, esse esgotamento pode ampliar, acelerando a extração de fontes subterrâneas de água.

Cabe reforçar ainda que a quantidade total de água doce disponível no planeta leva em consideração as águas subterrâneas. Por esse motivo, é necessário preservá-la e economizar o recurso.

No Brasil, o total de reservas de água subterrânea contabiliza 112 trilhões de metros cúbicos. Existem 181 aquíferos, sendo o mais famoso deles o Aquífero Guarani, que se estende por grande parte dos estados brasileiros e alguns países vizinhos. 

Entenda a relação entre saneamento e águas subterrâneas

Em regiões com poucos rios ou com rios que dependem das chuvas, sofrem com assoreamento ou poluição, as águas subterrâneas, retiradas dos lençóis freáticos, acabam sendo a fonte de água de boa qualidade para abastecimento da população.

No entanto, assim como os rios sofrem com lançamento de esgoto sem tratamento e lixo, as águas subterrâneas também preocupam quando o assunto é poluição e contaminação — até mais do que os rios. Isso ocorre porque elas demoram mais para se tornarem poluídas, mas também demoram mais para serem recuperadas. Uma vez contaminadas, o prazo para que se tornem limpas novamente é de décadas.

Em uma cidade sem serviços de saneamento básico, com esgoto correndo a céu aberto, sem coleta e tratamento, em que a população recorre ao uso de fossas, a abertura de poços sem controle é garantia de contaminação. Para evitar esse tipo de problema e também a escassez, é preciso seguir rigorosas normas técnicas e ambientais.

Em resumo, a ausência de serviços de saneamento, o descarte incorreto de lixo e a poluição geram efeitos negativos às águas subterrâneas, ocasionando, sobretudo, a disseminação de doenças para a população. Isso demonstra a grande necessidade de investir em cuidados específicos para a proteção dos mananciais, sejam eles superficiais ou suterrâneos.

O maior reservatório de água subterrânea do planeta

Dentre os maiores reservatórios subterrâneos de água doce do planeta, podemos destacar o Aquífero Guaranium sistema que possui área maior que 1 milhão de quilômetros quadrados e a quantidade de água equivalente a 45 mil quilômetros cúbicos, estendendo-se desde a Bacia Sedimentar do Paraná até a Bacia do Chaco-Paraná.

Está presente em quatro países da América do Sul: Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. No Brasil, o reservatório ocupa os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Groso do Sul e Mato Grosso.

Sua eficiência de armazenamento de água está associada à estrutura geológica do local, já que a região é composta de pouca argila e muita areia, funcionando como um tipo de esponja absorvendo a água das chuvas.

O Aquífero Guarani é um manancial muito importante para o abastecimento de água no Brasil, pois encontra-se em áreas de grande contingente populacional. Apesar disso, ele já sofre tanto com a poluição quanto com a escassez e pode, em alguns anos, se esgotar. Por isso, fazer um consumo consciente de água e usar o recurso com parcimônia é fundamental para que o recurso esteja disponível para as próximas gerações.

Descubra mais sobre a importância das águas subterrâneas

Esses mananciais possuem um papel crucial no ciclo hidrológico, mantendo a umidade do solo, do fluxo de rios, lagos e brejos. As águas que estão no interior do aquífero transcorrem gradualmente, desde o local em que se infiltram as chuvas atmosféricas, até onde as águas subterrâneas se espalham em corpos de água superficial, como os rios e lagos.

Desse modo, a relevância da água subterrânea está associada ao tamanho de suas reservas em relação à água doce superficial disponível. Outro papel importante da água subterrânea é a sua descarga para o mar. Seu fluxo dificulta a entrada da água marinha no continente e, assim, impede a salinização de aquíferos costeiros.

Essa formação geológica também possui capacidade para diluir e degradar compostos poluentes que acabam se infiltrando no solo. O próprio aquífero produz substância biogeoquímicas que reagem na água e controlam os contaminantes. Claro que, assim como os rios e os mares, a capacidade de se autorregular é limitada e, em muitos casos, já está superior ao que o aquífero é capaz de dar conta, como é o caso do Guarani, mencionado acima.

Considerando a importância das águas subterrâneas não só para a natureza, mas também para as populações, é fundamental atentar-se a esse recurso e contribuir com ações sustentáveis para sua preservação, assim, muitos problemas poderão ser evitados.

Fonte: BRK Ambiental